Prefeito de Araraquara recebe delegação ucraniana e participa do debate "Perspectivas sobre a guerra" - Edinho Silva
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Prefeito de Araraquara recebe delegação ucraniana e participa do debate “Perspectivas sobre a guerra”

Na tarde desta sexta-feira (10), o Anfiteatro A da Faculdade de Ciências e Letras da UNESP sediou a mesa-redonda “Perspectivas sobre a guerra na Ucrânia”, que teve como convidado Olexiy Haran, representante da sociedade civil do país localizado no Leste Europeu. A mesa de abertura contou também com a participação do prefeito Edinho e do diretor da Faculdade de Letras da UNESP de Araraquara e vice-presidente do Conselho Diretor do Câmpus de Araraquara, Jean Cristtus Portela.

Edinho agradeceu à diretoria da FCLAR/UNESP por promover esse debate, que o prefeito considerou histórico para a cidade. “Como prefeito municipal, devo ressaltar o momento ímpar e especial para a cidade de Araraquara ao vivenciar essa reflexão. O ideal seria que a necessidade dessa reflexão não existisse, mas se a guerra está aí, é importante que possamos, como toda a sociedade mundial tem que fazer, refletir sobre esse momento que estamos vivenciando”, ressaltou.

O prefeito comentou que o contexto atual do mundo exige uma análise apurada. “Certamente existe uma desorganização na geopolítica mundial e essa desorganização tem feito com que o mundo vivencie cenas que nós não deveríamos estar vivenciando. Estamos vivenciando o crescimento de movimentos autoritários em todos os continentes do planeta, estamos vivenciando como se fosse normal a xenofobia, o preconceito, a discriminação e todas as formas de violência”, acrescentou.



Edinho finalizou sua fala com um alerta sobre a necessidade de se buscar uma solução para essa crise. “É um momento de reflexão, é um momento em que o mundo tem que pensar em tudo isso que estamos vivenciando. É muito triste vermos as cenas que nós vimos em Kiev, de uma chuva de bombas, até mesmo em regiões de civis, inclusive com a própria Polônia sendo colocada em risco, e isso não pode ser normal. Os nossos olhos não podem se acostumar e achar que essas cenas são normais, que essas iniciativas são normais, que essas decisões são normais. Eu não estou aqui para fazer nenhuma profecia, até porque não tenho esse poder e essa capacidade, mas se uma saída não for construída para esse processo de invasão da Ucrânia, é evidente que estaremos criando as condições para a Terceira Guerra Mundial e disso eu não tenho nenhuma dúvida”, concluiu.

Olexiy Haran comentou que os ucranianos, assim como os brasileiros, gostam de futebol e música, porém são lembrados pela usina de Chernobil e agora pela guerra. “Me pergunto por que Deus deu tantas provações para nós. Eu não sei, talvez tenhamos uma missão de lutar contra impérios. Às pessoas do Brasil que sentem muito por isso também, deixo meu muito obrigado e agradeço também por essa oportunidade. O que estamos vivendo na Ucrânia agora é uma batalha entre Davi e Golias. A Rússia é muito maior em poder e tamanho, mas nós lutamos por liberdade e temos a verdade do nosso lado”, destacou.

Jean Cristtus Portela também valorizou o compromisso da universidade com os direitos humanos ao promover esse debate. “Aos 44 anos, eu mesmo não pensava que pudesse testemunhar um cenário de tamanha complexidade e atrocidade, no início da terceira década do século XXI, sendo este o século da tecnologia, da superação das barreiras de comunicação e de esforços transnacionais para a superação de desafios globais, como a Agenda 2030 da ONU. E aqui estamos. Que possamos neste momento refletir sobre os dilemas e aspirações do povo ucraniano, a partir de sua perspectiva sobre a guerra, e que também possamos discutir com clareza as implicações humanitárias, éticas, sociopolíticas, econômicas e linguísticas da ação de pessoas na defesa de sua vida, de seu território e de sua soberania” pontuou.

Após a mesa de abertura, Haran participou da mesa-redonda que foi mediada pelos professores Hector Luis Saint Pierre e Marcos Cordeiro Pires, ambos da Unesp. Hector é coordenador do Instituto de Políticas Públicas e Relações Internacionais da Unesp e professor da FCHS/Franca, enquanto Marcos atua como vice-coordenador do Programa de Pós-graduação em Relações Internacionais “San Tiago Dantas” (Unesp, Unicamp e PUC-SP) e professor da FFC/Marília. A mesa-redonda contou com transmissão ao vivo pelo canal da FCLAR no Youtube, onde o vídeo na íntegra encontra-se disponível para visualização.

O encontro também teve a presença do secretário de Cooperação dos Assuntos de Segurança Pública, coronel João Alberto Nogueira Júnior; da secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Jacqueline Barbosa; do secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, Marcelo Mazeta; do secretário interino de Cultura e coordenador de Acervos e Patrimônio Histórico, Weber Fonseca; além de coordenadores, gestores municipais e do presidente da Morada do Sol Turismo, Eventos e Participações, Manoel de Araújo Sobrinho.

Delegação ucraniana
Olexiy Haran é professor de Política Comparada na Universidade Nacional de Kyiv – Academia Mohyla (UKMA). Foi o fundador da Faculdade de Ciência Sociais da UKMA, bem como da Escola de Análise de Políticas. Também é diretor de Pesquisa da Fundação de Iniciativas Democráticas, um dos principais think tanks (instituições que se dedicam a produzir conhecimento sobre temas políticos, econômicos ou científicos) ucranianos. Autor prolífico e comentarista frequente na mídia internacional, por mais de uma década ele foi membro do Conselho Consultivo Público do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia (MFA). Também foi membro do Conselho de Especialistas Públicos da Presidência Ucraniana em 2000-2004 e membro do Conselho Público da Unidade Nacional da Presidência Ucraniana em 2015-2019.

Haran integra uma delegação de quatro integrantes que visitam nesta semana as cidades de São Paulo e Brasília. Além dele, compõem o grupo a diretora do departamento de cooperação internacional da Câmara de Comércio e Indústria da Ucrânia, Anna Liubyma, e o reverendo Ihor Shaban, chefe da comissão para o diálogo Inter-religioso e assuntos ecumênicos da Igreja Greco-Católica Ucraniana. Também integra a delegação Oleksandra Drik, especialista em direitos humanos e ativista da sociedade civil baseada em Kiev. Ela dirige a cooperação internacional no Centro de Liberdades Civis (CCL), que documenta crimes cometidos pelo exército russo na Ucrânia desde 2014 e defende o estabelecimento de mecanismos de responsabilização, inclusive internacionais, para esses crimes. Vale destacar que o CCL tornou-se, em 2022, o primeiro vencedor do Prêmio Nobel da Paz concedido à Ucrânia.

A delegação veio ao Brasil para ter diálogos com membros do governo Lula e do Congresso Nacional, além de representantes da sociedade civil, como acadêmicos e ONGs de Brasília e São Paulo. Na última terça (7), os ucranianos se reuniram com o senador Renan Calheiros (MDB), que está perto de assumir como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

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