Lockdown de fevereiro em Araraquara salvou 259 vidas em 60 dias, projeta professor da UFSCar - Edinho Silva
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Lockdown de fevereiro em Araraquara salvou 259 vidas em 60 dias, projeta professor da UFSCar

O lockdown adotado pela Prefeitura de Araraquara entre 21 de fevereiro e 2 de março contribuiu para evitar até 259 óbitos por Covid-19 em 60 dias, indica projeção do médico epidemiologista e professor doutor Bernardino Alves Souto, do Departamento de Medicina e do Programa de Pós-Graduação em Gestão da Clínica da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).

São 259 araraquarenses que perderiam a vida, deixando muita saudade em suas famílias e amigos, mas foram salvos com a redução drástica de contaminações e internações pelo coronavírus nas semanas seguintes às medidas restritivas.

Nesta semana, até domingo (27), novamente Araraquara está em lockdown. Isso ocorreu devido ao forte crescimento de casos de Covid-19 nos últimos dias e ao fato de o município chegar ao índice de alerta máximo de positivações nos testes em três dias consecutivos (terça, quarta e quinta-feira da última semana).

No primeiro lockdown, considerando o ritmo do crescimento do número de mortes por Covid-19 nos 30 dias anteriores às medidas mais restritivas, a adoção do lockdown reduziu em 43,24% o acúmulo de mortes nos primeiros 60 dias após o decreto das medidas restritivas, nos cálculos do especialista.

“Em termos absolutos, [o lockdown] pode ter evitado 259 mortes nos 60 dias seguintes ao seu início”, aponta o estudo de Bernardino. O prazo de 60 dias foi adotado em razão do tempo de internação dos pacientes contaminados com a Covid-19, que pode ultrapassar os 30 dias e chegar perto dos dois meses.

Em relação aos casos, também se levando em conta o ritmo de contaminações anterior ao lockdown, foram mais de 3 mil contaminações evitadas em 30 dias. “Estima-se que o lockdown tenha reduzido em 17% o acúmulo de casos da Covid-19 nos primeiros 30 dias após sua instalação. Em termos absolutos, pode ter evitado 3.579 casos nos 30 dias seguintes ao seu início”, explica o professor.

Apontada pelos epidemiologistas como a primeira cidade do Brasil a ter realizado um lockdown de fato, Araraquara entrou na fase mais rígida de isolamento no dia 21 de fevereiro, quando a ocupação de leitos de UTI e enfermaria chegou a 100% e a curva de casos e internações crescia rapidamente em razão da circulação da nova variante do coronavírus, a P.1. (conhecida como cepa de Manaus).

O primeiro lockdown durou dez dias, com funcionamento apenas de farmácias e unidades de saúde e fiscalização nas ruas para evitar que os moradores de Araraquara saíssem de casa sem justificativa. Só era permitido sair para utilizar ou trabalhar em algum dos serviços em funcionamento.

O transporte público não funcionou nesse período, que durou até 2 de março. Supermercados ficaram fechados e atendendo por delivery durante seis dias, retornando em 27 de fevereiro.

Missão: salvar vidas
Para a secretária municipal de Saúde, Eliana Honain, o estudo do professor da UFSCar comprova que o lockdown funciona e atingiu seu principal objetivo: salvar vidas em Araraquara.

“O estudo mostra aquilo que comprovamos na realidade: a diminuição no número de casos e, consequentemente, também evitamos complicações e número de óbitos. Isso é muito confortador”, afirma Eliana.

“Sabemos que, apesar de o lockdown ser um remédio extremamente amargo, de estarmos recebendo inúmeras críticas em relação a isso, ele é importante. Mais de 200 pessoas que poderiam estar mortas estão aqui conosco. São pessoas importantes para seus entes queridos, são vidas salvas, não tem como mensurar. Apesar de toda a dificuldade, o lockdown é eficaz e necessário”, complementa a secretária.

Segundo o prefeito Edinho, o lockdown não é uma escolha, e sim uma imposição da realidade, da pandemia. “O lockdown funciona porque evita que uma pessoa saudável entre em contato com uma pessoa contaminada. O estudo da UFSCar mostra que salvamos quase 300 vidas em apenas 60 dias depois das medidas de fevereiro, o que mostra que estamos no caminho certo, seguindo a ciência”, afirma.

“O lockdown desta semana será o último sacrifício. Se estivermos unidos, vamos fazer a contaminação cair. E vamos vacinar até o final de junho toda a população de 40 a 60 anos. Estaremos constituindo uma barreira imunológica, o que é necessário para diminuir o ritmo da contaminação”, conclui o prefeito.

Segundo o último boletim do Comitê de Contingência do Coronavírus, Araraquara registra 494 óbitos desde o começo da pandemia, em março do ano passado, e 24.684 casos confirmados de Covid-19.

Lockdown – o último esforço para que mais pessoas sejam vacinadas
As novas medidas restritivas de circulação estão valendo desde as 12h do último domingo (20) até as 23h59 deste domingo. O lockdown foi adotado após três dias consecutivos de alerta máximo na testagem geral para Covid-19 no município, com positivação acima de 20% de todos os pacientes testados.

No período do lockdown, só é permitido sair de casa e circular pela cidade em situações de urgência ou emergência ou para trabalhar ou utilizar um serviço que estiver funcionando normalmente, como serviços de saúde, farmácias, indústrias, entre outros.

As equipes de fiscalização da Prefeitura estão diariamente nas ruas para o cumprimento do decreto. O transporte público também será suspenso durante os dias de lockdown, até domingo.

Supermercados, hipermercados, açougues, padarias, cerealistas, comércio de hortifruti e similares deverão permanecer fechados das 12h de domingo às 5h59 de quarta-feira (23), com permissão para delivery. A partir das 6h da quarta-feira, o atendimento presencial pode ser retomado das 6h às 20h, seguindo as regras sanitárias de prevenção da Covid-19.

Postos de combustível continuam funcionando normalmente. Bares, restaurantes e demais estabelecimentos que comercializem alimentos de consumo imediato podem realizar atendimento exclusivamente por delivery, das 6h às 20h, a partir desta terça-feira (22).

A entrada de pessoas não residentes em Araraquara somente será admitida mediante passagem por barreira sanitária, na qual deverão apresentar laudo de teste negativo para a Covid-19, emitido em prazo inferior a 48 horas, ou comprovante de vacinação para a doença, observados no mínimo 15 dias da aplicação da 2ª dose.

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