Casa das Margaridas oferece acolhimento a mulheres em situação de desabrigo
A Prefeitura de Araraquara inaugurou nesta sexta-feira (29) a Casa das Margaridas “Yasmin da Silva Nery”, uma unidade de acolhimento às mulheres em situação de desabrigo. O investimento foi eleito na plenária temática das Mulheres no Orçamento Participativo.
A Casa das Margaridas oferecerá proteção especial de alta complexidade para mulheres em situação de desabrigo por abandono, migração e ausência de residência e sem condições de autossustento. A casa fica na Avenida José Bonifácio, nº 2351, Jardim Morumbi.
O serviço de acolhimento será oferecido pela Prefeitura em regime de parceria com a OSC Samaritano São Francisco de Assis, de São Paulo, vencedora do chamamento público. Os encaminhamentos serão feitos pelo Centro de Referência da Mulher e também pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social.
A unidade se junta a outros dois investimentos em políticas para mulheres por meio do Orçamento Participativo, que somam um total de R$ 974,4 mil. As outras demandas atendidas pela Prefeitura foram a criação do Programa Parto Humanizado e a implantação do Projeto Quilombo Rosa.
“A Yasmin sempre vai estar presente entre nós e viva pela sua energia, pela capacidade de sonhar, pela sua fé. A Yasmin vai ser um símbolo para que a gente construa uma sociedade em que as mulheres sejam respeitadas, em que as mulheres não sejam agredidas, violentadas e mortas por serem mulheres. Assim, nós iremos começar a construir uma sociedade efetivamente mais justa, humana e em que a vida seja colocada em primeiro lugar”, afirmou Edinho.
Os objetivos da Casa das Margaridas são proteger a mulher e combater a continuidade de situações de violência; propiciar condições de segurança física e emocional e o fortalecimento da autoestima; possibilitar a construção de projetos pessoais visando à superação da situação de violência e do desenvolvimento de capacidades e oportunidades para o desenvolvimento de autonomia pessoal e social; garantir o acesso dos usuários ao Sistema de Garantia de Direitos e rede socioassistencial; envolvimento nas ações territoriais de prevenção e mobilização à temática de violência contra a mulher, em articulação e planejamento com o técnico da unidade de referenciamento (Creas), bem como junto à Coordenadoria Executiva de Mulheres; desenvolver condições para a independência e o autocuidado; e promover o acesso à rede de qualificação e requalificação profissional com vistas à inclusão produtiva.
Acolhimento
A secretária de Direitos Humanos e Participação Popular, Amanda Vizoná, ressaltou que a unidade inaugurada se junta às outras estruturas que o município já possui. “Era o último equipamento que precisávamos para garantir a rede de proteção para as mulheres do município. Hoje é um dia muito simbólico e uma grande conquista”, disse Amanda.
A coordenadora de Políticas para Mulheres, Grasiela Lima, também destacou o novo serviço da Prefeitura. “É mais uma porta que se abre para acolher as mulheres, que serão fortalecidas para retomar sua dignidade. Estou muito feliz e emocionada, porque é uma política pública de fundamental importância e a gente está realizando mais um sonho”, afirmou.
Cecília Stringhini, presidente OSC Samaritano São Francisco de Assis, explicou um pouco do histórico da entidade na defesa dos direitos das mulheres e agradeceu à Prefeitura pela parceria. “Agradeço toda a dedicação e empenho de todo o pessoal do município. Chegou o dia da inauguração. Em breve estaremos acolhendo as mulheres na casa para atender da melhor maneira possível e dar todo o suporte e encaminhamento junto com o Centro de Referência da Mulher e as secretarias da Prefeitura. Hoje é um dia muito importante, um marco”, declarou.
A vereadora Fabi Virgílio (PT) representou a Câmara Municipal no evento e parabenizou a Prefeitura pela iniciativa. “Estou muito honrada e emocionada por estar aqui nesta manhã. Que a Casa das Margaridas, com a homenagem incrível à Yasmin, sequencie um legado de flores, de semear vida em abundância, que é tudo o que nós merecemos”, disse a parlamentar.
Irmã de Yasmin, Geisiely Nery Moura falou em nome da família e agradeceu à Prefeitura pela homenagem. “A gente tem esperança na vida eterna. Existe uma vida depois daqui. Um dia, nós vamos nos reencontrar com ela. Ela era uma menina doce e que encantava a todos. Esta casa é um lugar que vai acolher mulheres que sofrem. E Deus é capaz de retirar um bem maior de todos os males da nossa vida. O sangue dela não foi derramado à toa. Foi por outras mulheres e pessoas que sofrem e que vão encontrar consolo nesta casa. A vida dela é transformada em esperança”, declarou Geisiely.
Também estiveram no evento os vereadores Paulo Landim (PT) e Guilherme Bianco (PCdoB); as secretárias Jacqueline Barbosa (Assistência e Desenvolvimento Social), Juliana Agatte (Governo, Planejamento e Finanças) e Eliana Honain (Saúde) e o secretário de Cooperação dos Assuntos de Segurança Pública, coronel João Alberto Nogueira Júnior, além de coordenadores e gestores municipais; a mãe de Yasmin da Silva Nery, Maria Helena da Silva; entre outros familiares da homenageada.
A homenageada
A casa leva o nome da jovem Yasmin da Silva Nery, indicação que foi feita pela vereadora Thainara Faria (PT). Yasmin nasceu em 14 de fevereiro de 2003, era uma estudante promissora e dedicada, bolsista em um renomado colégio particular de Araraquara e sonhava em cursar astronomia.
Fazia parte da comunidade católica da Paróquia São Francisco de Assis, no Selmi Dei, e participava do grupo de oração da Obra Shalom. Em 9 de junho de 2019, aos 16 anos, Yasmin desapareceu, fato que causou grande preocupação em toda a cidade. Foi encontrada sem vida no dia seguinte ao seu desaparecimento, vítima de um cruel feminicídio.