Zé Celso Martinez Corrêa: sua luz não se apagará jamais
O dia começou muito triste com a notícia do falecimento de um amigo e um dos filhos mais ilustres de Araraquara; o ator e dramaturgo José Celso Martinez Corrêa. Araraquara carrega algo que é só nosso: a nossa identidade cultural, que faz de nós uma cidade diferente. E Zé Celso era um dos nossos maiores representantes na cultura nacional.Genial e polêmico, encenou a folia e a anarquia. Fundador do Teatro Oficina, um dos mais emblemáticos do cenário teatral do país. Encenou espetáculos considerados antológicos, como O Rei da Vela, Na Selva das Cidades, As Bacantes e Os Sertões. Ícone da tropicália e um dos líderes do movimento contracultura, Zé Celso sempre quis quebrar tabus, seguir contra os padrões e, justamente por isso, também sofreu com a censura no período de ditadura. Foi preso, torturado e exilado. Mas voltou ainda mais forte e continuou protagonizando o Teatro Oficina, transformado em UzynaUzona, não menos polêmico.Ao longo de sua vida, sempre que retornou à sua terra natal marcou presença, provocou e emocionou. Zé Celso tinha como uma de suas principais características o bom humor. Era doce, brincalhão. Tive o privilégio de estar com Zé Celso em diferentes momentos das nossas trajetórias.Nosso último encontro foi na abertura da Festa Literária da Morada do Sol, a Flisol, em novembro do ano passado. Foi uma noite histórica e memorável, porque reunimos Zé Celso e Ignácio de Loyola Brandão no mesmo palco. Eles relembraram histórias da infância em Araraquara e falaram muito da ligação com nossa cidade. Foi inesquecível realmente e uma despedida à altura do gênio, mesmo que não tínhamos ideia de que, naquele momento, Zé Celso se despedia do seu público da Morada do Sol.A grandiosidade de sua obra vai continuar brilhando nos palcos do mundo. Essa luz não se apaga e seu legado continua.A Prefeitura de Araraquara decretou luto oficial de três dias por seu falecimento.A todos os familiares e amigos, os meus mais sinceros sentimentos de pesar.