Durante conferência em Araraquara, ministro destaca missão de erradicar a fome
A erradicação da fome foi o tema central da 3ª Conferência Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional e de Desenvolvimento Rural Sustentável, que foi realizada nesta sexta-feira (28) no auditório da Unip Araraquara, onde o prefeito Edinho recebeu o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira. A solenidade de abertura teve transmissão ao vivo pela página da Prefeitura de Araraquara no Facebook, onde o vídeo se encontra disponível para visualização.
A solenidade de abertura foi iniciada com uma apresentação do Grupo de Viola Caipira do Assentamento Bela Vista, projeto oriundo do programa Oficinas Culturais da Prefeitura, que atende gratuitamente crianças, adolescentes, adultos e idosos em várias linguagens artísticas e culturais. Durante a apresentação, o educador e regente André Peres convidou o ministro para subir ao palco e se juntar ao grupo. Paulo Teixeira atendeu prontamente o convite e cantou o hino caipira “Cuitelinho”, de Paulo Vanzolini e Antônio Carlos Xandó.
Em seu discurso, o ministro elogiou as políticas públicas desenvolvidas na cidade. “Araraquara foi o melhor exemplo de combate à pandemia do Brasil. Aqui, todas as políticas recomendadas pela área científica foram adotadas e Araraquara teve a maior proteção que uma população poderia ter nesse país durante aquele período da pandemia. Saúdo o Edinho porque ele cuidou bem das pessoas e do nosso povo de Araraquara. Talvez o Edinho seja uma experiência única de alguém que tenha sido ministro de Estado do país, mas topou voltar para sua cidade e contribuir com todo o seu conhecimento, toda a sua rede de relações que ele tem no Brasil. Por isso, Edinho, para você eu canto aquela música: por onde eu for, quero seu par”, comentou Paulo Teixeira.
O ministro ressaltou ainda as três grandes questões que norteiam o tema da segurança alimentar no Brasil. “A primeira questão é que nós temos muita gente ainda em profunda insegurança alimentar. No Brasil, estima-se que são 20 milhões de pessoas em profunda insegurança alimentar, convivendo em condição de situação de fome. O segundo aspecto, que foi agravado com a pandemia, é que tem muitas pessoas que se alimentam mal e que passaram a se alimentar mal, deixando as comidas tradicionais, culturalmente do nosso povo, e passaram a comer ultraprocessados e bebidas açucaradas, gerando um outro fenômeno que nós temos na sociedade, que é o fenômeno da obesidade. Nós estimamos que metade da população brasileira esteja nessa condição. E o terceiro tema que nós temos é o tema das mudanças climáticas. Nós estamos vivendo agora o mês mais quente da história da humanidade. Isso se deve à forma de produção de consumo que vai levando a humanidade a esse desastre climático que nós temos que reverter. E por isso, o tema da alimentação, o tema da produção, o tema da saúde do consumo e o tema do clima são temas comuns. Cada um de nós pode ajudar a melhorar e a superar essas crises tão graves no Brasil e tão graves no mundo”, acrescentou.
Edinho ressaltou a importância dos programas sociais desenvolvidos pela Prefeitura de Araraquara. “Não existe violência maior que a violência da fome. É claro que a violência física tem que ser reprimida, violência física é crime e o violento tem que pagar de acordo com o Código Penal, mas a violência da fome dilacera as famílias, humilha mães, humilha pais, humilha o arrimo de família que levanta de manhã, abre a geladeira e não tem nada, e muitas vezes suas crianças saem de casa sem ao menos uma bolacha na mão para comer. Essa violência tem que ser combatida porque ela não violenta só o físico, que já é degradante. Ela violenta a alma, violenta a auto-estima e é uma violência contra as famílias vulneráveis que não foram colocadas na vulnerabilidade por uma escolha, mas porque vivemos em uma sociedade injusta. Essa conferência é para avaliarmos o que estamos fazendo de certo, o que estamos fazendo de errado e termos a coragem de corrigir as nossas políticas públicas para fazer com que elas se aproximem cada vez mais dos nossos objetivos. Lutaremos sempre para que em Araraquara não exista nenhuma família passando fome e que em Araraquara as famílias sintam orgulho das nossas políticas públicas”, apontou o prefeito.
Valorização das políticas públicas
A deputada estadual Márcia Lia (PT) valorizou a retomada de programas e ações do Governo Federal voltados para combater a fome. “Hoje eu tenho muito orgulho, após ter rodado todo esse estado de São Paulo conversando com as pessoas, de ressaltar a importância das políticas públicas na área da segurança alimentar, na reforma agrária, na distribuição de alimentos, nos subsídios para que os pequenos agricultores possam efetivamente produzir, distribuir e entregar alimentos de qualidade para o nosso povo”, afirmou.
O presidente da Câmara Municipal de Araraquara, Paulo Landim (PT), salientou que a conferência é um momento importante para se debater formas de assegurar que todos tenham uma alimentação de qualidade. “O desenvolvimento rural e sustentável é fundamental para garantir que as áreas rurais do nosso município cresçam de forma equilibrada, respeitando o meio ambiente e valorizando a produção local. Trata-se de um processo que busca promover o desenvolvimento econômico, social e ambiental, em um compromisso com as gerações futuras. A segurança alimentar e nutricional é um direito humano básico e todos nós temos o dever de garantir que todas as pessoas da nossa cidade tenham acesso a uma alimentação adequada, saudável e suficiente. Infelizmente a fome e a desnutrição ainda são uma realidade para muitas famílias e a nossa responsabilidade é buscar soluções para combater as injustiças”, mencionou.
O vice-prefeito e secretário do Trabalho, Desenvolvimento Econômico e Turismo, Damiano Neto, exaltou o propósito da conferência. “Destaco aqui a colaboração de todos neste processo de construção de soluções para o enfrentamento da fome e para a segurança alimentar. As políticas públicas visam garantir que todas as pessoas tenham acesso a alimentos em quantidade e qualidade suficientes para suprir suas necessidades nutricionais. E cada um de nós tem um papel fundamental nessa jornada, que nos leva em direção a uma sociedade mais igualitária. Que todos nós possamos sair daqui motivados a seguir firmes neste trabalho, em busca de uma sociedade mais justa, com acesso à alimentação de qualidade garantido a todas e todos”, salientou.
A secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Jacqueline Barbosa, colocou a conferência como um importante instrumento para debater formas de erradicar a fome e garantir direitos, democracia e equidade. “Embora o Brasil seja um dos maiores produtores de alimentos do mundo, ainda temos milhões de pessoas em situação de fome. E quando olhamos essa pesquisa e fazemos um recorte de gênero e de raça, chegamos a um lugar onde as famílias chefiadas por mulheres e as famílias chefiadas por pessoas que se declararam pretas e pardas são as que mais sofrem com a situação de insegurança alimentar em nosso país. Desde o começo, Araraquara, a partir de uma decisão de gestão do prefeito Edinho e de toda a sua equipe, tem procurado enfrentar, com políticas públicas consolidadas, a fome e a desigualdade social”, mencionou.
A coordenadora de Segurança Alimentar, Silvani da Silva, também enalteceu as ações desenvolvidas na cidade. “Enquanto políticas públicas estavam sendo desmontadas a nível federal, aqui em Araraquara o prefeito Edinho conduzia para que nós cuidássemos do nosso povo. É nesse sentido que queremos continuar trabalhando. Não queremos ver tanta gente passando fome. O desafio é enorme, mas essa conferência me dá toda certeza de que nós vamos conseguir superar a fome”, destacou.
A presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, Letícia Valério Silva Bueno, que no ato representou todos os demais conselhos organizadores, se mostrou esperançosa com os resultados da conferência. “É um grande privilégio estar em um município que tem uma conferência de segurança alimentar, trazendo essa discussão para a mesa, o que é muito importante para que possamos começar esse caminho para erradicar a fome. Em fevereiro o Brasil tinha 33 milhões de pessoas passando fome, o que fez o país voltar para o Mapa da Fome, e hoje estamos começamos a mudar essa realidade”, pontuou.
Também participaram da solenidade os vereadores Alcindo Sabino (PT), Carlão do Jóia (Patriota), Fabi Virgílio (PT) e Guilherme Bianco (PCdoB); Daniela Prates, representando a deputada estadual Thainara Faria; o secretário de governo, Donizete Simioni; a secretária da educação, Clélia Mara Santos; a secretária de Saúde, Eliana Honain; o secretário de Direitos Humanos e Participação Popular, Marcelo Mazeta; a secretária de Comunicação, Priscila Luiz; a secretária de Desenvolvimento urbano, Sálua Kairuz Poleto; a ouvidora geral do Município, Fernanda Fegadolli Nascimento; coordenadores e gestores municipais; além de representantes dos municípios de Novo Horizonte, Santo Antônio da Alegria, Serrana e São Carlos.
A conferência
Com o tema “Erradicar a fome e garantir direitos: comida de verdade, democracia e equidade”, a conferência foi realizada pela Prefeitura de Araraquara por meio da Coordenadoria de Segurança Alimentar, vinculada à Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, e da Coordenadoria de Agricultura, que pertence à Secretaria Municipal do Trabalho, Desenvolvimento Econômico e Turismo, além do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (COMSAN), Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (CMDR) e Conselho de Agricultura Urbana.
Ao longo das últimas semanas, a organização do evento realizou um ciclo de pré-conferências com o propósito de divulgar os eixos temáticos, mobilizar e eleger os delegados para participar da conferência principal. A atividade passou por espaços como Fundo das Instituições Sociais de Araraquara (FISA), Quilombo Rosa, Centro da Juventude, Assentamento Bela Vista do Chibarro, Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), Igreja Emanuel, Uniara, Unesp e Cooperativa Sol Nascente, além de participar de eventos estratégicos como a Ação Cidadania Imigrante, ocorrida em 1º de julho no Jardim Ieda.
Após a abertura, foi feita a coordenação dos trabalhos, que envolveu a leitura e aprovação do Regimento Interno e a formação dos grupos de trabalho, que realizaram seus estudos e debates no período da tarde. Durante a conferência, foram debatidos três eixos: Determinantes estruturais e macrodesafios para a soberania e segurança alimentar e nutricional (eixo 1); Sistema nacional de segurança alimentar e nutricional e políticas públicas garantidoras do direito humano à alimentação adequada (eixo 2); e Democracia e participação social (eixo 3).