2º Encontro de Tambores “Ecos de Ngoma” celebrou as religiões de matriz africana
O 2º Encontro de Tambores “Ecos de Ngoma”, que integrou a programação do aniversário de 206 anos de Araraquara, foi realizado entre quinta-feira (17) e domingo (20), com uma série de atividades com o objetivo da valorização das culturas negras, das religiões de matriz africana e ameríndia, e de todas as comunidades que, de alguma forma, celebram sua existência, sua identidade e sua ancestralidade através dos tambores.
O prefeito Edinho, que marcou presença no encerramento da programação, falou sobre a importância do encontro. “Foi inspirador ver tantas manifestações culturais afro-brasileiras. Em Araraquara, a valorização e o respeito das religiões de matriz africana formam a identidade do nosso povo”, comentou.
A coordenadora executiva de Políticas Étnico-Raciais, Alessandra Laurindo, comemorou o resultado da programação. “O segundo encontro possibilitou reunir diversos segmentos dentro das religiões de matrizes africanas, como a Umbanda, o candomblé, o tambor de mina, e ainda agregar o maracatu, a capoeira entre os demais participantes. Foram momentos de trocas muito importantes dentro das oficinas oferecidas, assim como a parte cultural riquíssima que encantou a todos. Acreditamos que a cada ano a proposta do encontro vem sendo fortalecida e melhorada, pois quando nos propomos a fazer uma construção coletiva, onde os grupos opinam e mostram o que querem, fica muito mais democrático e agradável”, apontou.
O 2º Encontro de Tambores “Ecos de Ngoma” teve início na quinta-feira, no Sesc Araraquara, com a Atividade Pré-Encontro que abordou o tema “Ubuntu: pertencimento, manifestações culturais e produção de saúde”. O encontro foi composto por um bate-papo pautado por saberes e ensinagens referendados no legado cultural afro-brasileiro que tece reflexões e experimentações sobre manifestações culturais enquanto espaços produtores de saúde. A atividade foi coordenada por Adriana Aragão (percussionista e fundadoras do Bloco Afro Ilú Obá De Min), Carla Silva (terapeuta ocupacional e coordenadora de Cultura da Pró Reitoria da Extensão da UFSCar) e Mafalda Pequenino (atriz, apresentadora, diretora, produtora, arte-educadora, escritora, dançarina e organizadora do Bloco Afro Ilu Obá de Min).
A abertura oficial aconteceu na sexta-feira, também no Sesc, com a animação musical do Firma o Ponto, grupo formado em 2017 com o objetivo de estruturar um repertório baseado em sambas de terreiro e pontos musicados brasileiros de matriz africana. Nesse espetáculo, o Firma o Ponto celebrou grandes compositores e intérpretes que tiveram que enfrentar repressões, intolerâncias e censuras para escrever, cantar e tocar suas obras.
No sábado pela manhã, o Palacete das Rosas recebeu a Oficina Ubuntu enquanto Saúde, atividade que enfatizou a sabedoria ancestral presente na gestualidade, no ritmo e na musicalidade de manifestações culturais africanas e afro-brasileiras, dialogando sobre pertença, cuidado e coletividade. O encontro também teve a participação de Mafalda Pequenino e Adriana Aragão. Nessa atividade, o vereador Alcindo Sabino (PT) realizou a integração com moradores em situação de rua. “Por conta do Dia nacional da luta de pessoas em situação de rua, comemorado no dia 19 de agosto, aproveitamos a ocasião para levá-los à oficina. A ideia é aproximar um pouco essas pessoas para conseguirmos dar algum encaminhamento de moradia ou de alguma outra situação caso eles queiram. No nosso mandato, criamos uma frente de moradores de rua, fizemos uma audiência pública e esse é um dos alguns encaminhamentos que saíram dessa audiência”, comentou o vereador.
Também no sábado, no período da tarde, também no Palacete das Rosas, foi apresentada a Oficina Toque de Cânticos Afro, com o Pai Bira de Ogum, do Rio de Janeiro, que compartilhou todo seu conhecimento com os participantes.
No domingo, a programação contou com um cortejo, que saiu da Praça do Japão rumo ao Parque Infantil, onde foi realizada a Feira Ngoma com Encontro de Tambores no Parque Infantil, que também teve outros eventos como xirê, gira, apresentação da Escola Municipal de Dança “Iracema Nogueira”, maracatu, grande roda de capoeira e grande samba de roda.
Vale salientar que ngoma é a palavra que denomina o tambor entre os povos bantos da África Central. Ela expressa não apenas o instrumento em si, mas também a dança e o canto que é colocado em ação por meio dele e, por extensão, toda a comunidade que se reúne ao seu redor para uma celebração ritual prazerosa.