Plano de Macrodrenagem para prevenção às enchentes na Via Expressa é apresentado
A Prefeitura de Araraquara realizou, na noite desta quarta-feira (22), na Sala Multiuso do Distrito Araraquara (antigo Cear), a apresentação do Plano de Macrodrenagem da Via Expressa e Reurbanização da Orla Ferroviária, que integra o programa Araraquara 2050. Trata-se da maior obra de infraestrutura da história de Araraquara, cujo objetivo é resolver os problemas de alagamentos em áreas sensíveis da cidade e proporcionar estrutura para o desenvolvimento urbano sustentável para os próximos 100 anos, segundo os estudos. O evento teve transmissão ao vivo pelo Instagram da Prefeitura, onde o vídeo se encontra disponível para visualização.
A obra, que será dividida em três fases, conta com um investimento de R$ 143 milhões, de recursos vindos do Governo Federal. O projeto envolve uma remodelação urbana que contará ainda com obras de macrodrenagem no canal do Córrego do Ouro, incluindo a reconstrução do canal da Via Expressa e a construção de novas pontes em locais estratégicos, além de quatro lagoas que terão o propósito de conter alagamentos em áreas críticas da cidade. Esses reservatórios serão instalados no chamado Parque dos Trilhos, que ligará o Centro à Vila Xavier, no Parque Residencial São Paulo, no Jardim Nova Época e nas proximidades da Avenida Abdo Najm.
O prefeito Edinho explicou que a previsão é de que a terceira fase seja concluída em 2026 e resultará em uma grande transformação na cidade. “Eu penso que a fase 3 vai redesenhar a cidade de Araraquara do ponto de vista urbanístico. Cada lago desse será um Parque do Ibirapuera dentro de Araraquara e isso não é força de expressão. O menor será o do Parque São Paulo, mas será do mesmo padrão, com quadras, estrutura esportiva, ciclovia, pista de caminhada, quiosques, ou seja, é lazer para a população junto com a intervenção urbana que estamos fazendo. Todos os outros três lagos, seja na Abdo Najm, seja do Jardim Nova Época, seja no Parque dos Trilhos, efetivamente serão estruturas semelhantes ao Parque do Ibirapuera. Isso muda a concepção urbana da cidade”, salientou.
O presidente da Câmara Municipal de Araraquara, Paulo Landim (PT), exaltou o projeto apresentado no encontro. “É estimulante participar da apresentação da maior obra de infraestrutura da história de Araraquara. Esse projeto é monumental. Sabemos que os impactos das fortes chuvas vão além dos danos materiais como testemunhamos aqui em Araraquara, com a perda de vidas, e ao observarmos catatônicos a catástrofe no Rio Grande do Sul, fica claro que investir em prevenção é a única alternativa viável. E é exatamente isso que estamos fazendo aqui em Araraquara”, opinou.
O projeto foi apresentado pela secretária de Desenvolvimento Urbano, Sálua Kairuz Poleto, que destacou que o plano é um sonho para a cidade. “Estamos falando de uma área importante do Centro da cidade, com muitos metros quadrados de orla ferroviária, que há muitos anos é sonhada para a construção do Parque dos Trilhos. São duas décadas de construção dessa ideia, mais precisamente desde 2001, que foi a primeira vez que fui convidada para conhecer esse projeto a convite do ex-vereador Elias Chediek. É um sonho para a cidade e um planejamento de longo prazo, que começou com a obra do contorno, com os trens passando fora da cidade, uma obra que conseguimos com o governo Lula. E a partir disso, temos a possibilidade de construir uma Araraquara nova, com uma ocupação diferente dessa região central”, explicou.
A secretária de Saúde, Eliana Honain, falou em nome dos gestores municipais. “É um orgulho muito grande fazer parte de um governo que pensa não só na reconstrução, mas na solução. E esse é o nosso prefeito Edinho Silva”, enalteceu.
A coordenadora da Escola de Governo, Celina Garrido, representou o programa Araraquara 2050. “Esse é um programa pensado junto com as universidades, um programa que pensa na coletividade, na maneira democrática, um programa que pensa em identificar e resolver problemas locais e propor soluções. É um privilégio fazer parte disso e parabenizo as pessoas que fizeram parte da concepção desse projeto”, reforçou.
O projeto executivo do Plano de Macrodrenagem e Reurbanização da Orla Ferroviária foi assinado pelo engenheiro Pedro Ivo de Almeida Santos, da empresa EngConsultoria, e entregue à Prefeitura por meio de uma doação feita pela Cutrale SA. A empresa, maior exportadora de suco de laranja do mundo, quando das enchentes de 2022, fez essa doação do projeto para a cidade no valor de R$ 1,5 milhão. Tal iniciativa deu celeridade ao processo de apresentação dos projetos para o Ministério das Cidades e Caixa Econômica Federal. “É uma grande satisfação antever o que será Araraquara com esse projeto que visa principalmente evitar todos os problemas de alagamentos que a cidade tem lidado nos últimos anos. Quando todas essas áreas estiverem ocupadas, tudo isso que estamos fazendo hoje vai ser efetivo, seja daqui a 50, 100 ou 200 anos. Esse é o grande legado da Prefeitura de Araraquara para as próximas gerações”, apontou Pedro Ivo de Almeida Santos.
Liliana Alfiero, presidente da Lupo, representou o empresariado local no ato. “Está muito bonito o projeto, vemos que é uma coisa grandiosa. Esses cercamentos da água sempre são necessários para evitar os grandes transtornos que acontecem, mas lembro de um amigo de São Paulo que dizia que a água é indomável. Então vamos domá-la o máximo que podemos”, brincou.
Antonio Deliza Neto, presidente do Sincomércio, que representou as entidades de classe e serviços, elogiou a ousadia do projeto. “Esperamos que isso se concretize em um espaço de tempo curto porque há anos a sociedade civil organizada, a população de Araraquara, está esperando e tem o desejo por esse espaço, um espaço lindo no Centro da cidade, agora com lagos e com a contenção das águas, vemos a possibilidade de termos aquilo que Araraquara merece e Araraquara merece sempre o melhor”, ressaltou.
O advogado Fernando Passos, que representou a sociedade civil e as universidades, elogiou a atuação do prefeito Edinho nos diálogos com o governo federal. “O Edinho é um homem de pequenos milagres e eu digo pequenos milagres porque ele é humilde e o verdadeiro milagre vem de Deus. Mas esse talvez será o maior deles. Eu tenho a dimensão disso. Eu milito nessa cidade desde que nasci, eu conheço Araraquara e digo que nós nunca teríamos recursos em terras municipais para fazer uma obra dessa natureza”, salientou.
Também estiveram presentes na solenidade os vereadores Alcindo Sabino (PT), Aluisio Boi (MDB), Fabi Virgílio (PT), Filipa Brunelli (PT) e Guilherme Bianco (PCdoB); além de secretários, coordenadores e gestores municipais.
Investimento federal
O projeto, que tem o nome oficial de “Ações de saneamento integrado nas Bacias do Ribeirão do Ouro, Córrego da Servidão, Córrego Capão do Paiva e seus afluentes”, teve seus recursos liberados pelo Presidente Lula e anunciados em visita do ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho, a Araraquara, em fevereiro de 2023, após problemas causados pelas chuvas que destruíram nove pontos da cidade e fizeram seis vítimas fatais em 28 de dezembro de 2022.
O Presidente Lula, aliás, estará em Araraquara nesta sexta-feira (24), às 10h, na área externa do Distrito Araraquara, onde participará da assinatura da Ordem de Serviço para início das obras do plano. O investimento federal será de R$ 143 milhões, com contrapartida do município de 1%, ou seja, R$ 1.430.000,00.
A nova obra só será possível por conta de outros recursos liberados por Lula, de 2008, em seu segundo mandato como presidente, que com o investimento de R$ 140 milhões na época, via Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), executou a obra do novo contorno ferroviário da cidade. Com essa obra, os trilhos que cortavam a cidade ao meio foram inutilizados.
Vale lembrar que a canalização do Córrego da Servidão teve início em 1963. A Via Expressa, principal corredor de trânsito da cidade, foi construída sobre o córrego canalizado ao longo de duas décadas – sendo concluída nos anos 90 -, com execução de trechos em momentos históricos e métodos construtivos diferentes, resultando numa canalização irregular com pontos de estrangulamentos e sem capacidade de escoamento da drenagem da região.
A construção do Parque Linear
No último dia 2 de maio, o Ministério dos Transportes assinou o termo de cessão de uso de área férrea de 2,5 quilômetros não operacional para que a Prefeitura possa fazer a obra antienchente e também dar início à construção do Parque dos Trilhos: áreas verdes, de lazer, convivência, ciclovias. Araraquara foi a primeira cidade do Brasil a receber área ferroviária desativada para a obra antienchente.
Mesmo após a cessão dessa área do antigo pátio, a Rumo Logística continua utilizando a área da Rotunda e das oficinas, com previsão de transferência destas operações para a região do Pátio Ferroviário de Tutoia até 2027. Posteriormente, quando a empresa deixar de utilizar o restante da área, o município poderá pleitear a sua doação total para implantação de projetos urbanísticos de interesse público em toda aquela extensão.
O Parque dos Trilhos é um sonho antigo da cidade. É o símbolo da junção da cidade, dividida pela linha férrea, nesse local, pelo pátio de manobras. Significa, historicamente, a conexão de regiões, união dos moradores da área central e da Vila Xavier.
As chuvas de dezembro de 2022
Nove locais da cidade chegaram a ser interditados devido às enchentes, sendo sete deles pontes e passagens, totalmente destruídos na chuva do dia 28 de dezembro de 2022, quando, em apenas uma hora, das 19h30 às 20h30, choveu o equivalente a 83 milímetros. Somente naquele dia, foram registrados quase 200 milímetros de chuva. Araraquara também registrou em dezembro de 2022, 507 milímetros de chuva, o dobro da média histórica para o mês.
Uma das pontes, a da Avenida 36, cedeu e vitimou seis pessoas da mesma família: Grace Santos Leite (52), Luísa Santos Leite e Piero Santos Leite (15), Maria Helena Leite Ferreira Luiz (61), Paulo Affonso Ferreira Luiz (68) e Gabriela Leite (10).
Investimentos federais e estaduais
O Governo Federal liberou R$ 5.166.922,85 para recuperação de cinco dos nove pontos atingidos, sendo R$ 2.202.966,68 para a ponte da Rua Armando Salles de Oliveira (5 e meio); R$ 2.107.116,90 para a ponte da Rua Nove de Julho (Rua 2); R$ 439.211,47 para a Travessia Serralhal; R$ 320.232,28 para a limpeza e desobstrução de córregos; e R$ 97.395,52 para a Travessia Ara-333.
Já o Governo Estadual investiu R$ 4.887.820,59 para recuperação de dois desses pontos. Foram R$ 4.282.465,51 investidos na ponte da Avenida 36 e R$ 605.355,08 na construção de muro de contenção por gravidade em gabião do Parque São Paulo.